Primeiramente, vamos as origem do termo guaiaca. Temos algumas fontes que apontam 3 possíveis etimologias: do quechua “huayaca”, do aymará “wayaqa” e do espanhol “guayaca”. e nessas 3 línguas, esse termo está relacionado justamente a um objeto para carregar coisas.

E como a gente sabe e sempre fala aqui, as coisas nunca surgem do nada. Elas sempre vão sendo adaptadas de antigas peças. Esse também foi o caso da guaiaca. Que surgiu devido a necessidade do gaúcho carregar utensílios básicos com ele.

No livro “Gaúcho: dança, traje e artesanato” do Paixão Cortes, ele nos traz um peça muito antiga chamada “chuspa” que era um pequena bolsa, feita de couro cru ou tecido, onde o gaúcho carregava alguns pertences pequenos e estas ‘chuspas” foram utilizadas até a volta do século 19.

Então, estima-se que a guaiaca como conhecemos surgiu e ganhou espaço depois dos idos de 1800, pois ela permitia que o gaúcho conseguisse acomodar mais coisas consigo sem o risco de perder. 

Uma vez que a guaiaca tinha a grande vantagem de ser fechada com fivela, diferente das faixas de cintura que eram presas e de vez em quando soltavam. Dessa forma a guaiaca além de permitir portar alguns objetos como dinheiro, relógio, avios de fumo, faca, revolver também prendia as pilchas com mais eficácia. 

E antes que me perguntem: guaiaca e rastra não são a mesma coisa, mas isso vamos saber no decorrer do vídeo.

Logo, a guaiaca é uma peça feita com uma tira de couro larga, sendo forrada ou não, que tem fechamento por fivela. 

Ao longo da guaiaca, geralmente temos 3 bolsos. Geralmente 2 pequenos pra guardar objetos miúdos e um maior nas costas que servia para guardar as cédulas, palha de fumo e objetos maiores. 

E temos que dar um destaque praquelas guaiacas que tinham o espaço pras balas e o coldre, pro revolver. Só que esse já é mais difícil de encontrar. Até lembrei daquela famosa foto do Teixeirinha num programa de com o .38 bem acomodado.

As guaiacas que encontramos a venda hoje, basicamente são nas cores preta ou marrom. Porém vale lembrar que o gaúcho pode usar guaiaca de qualquer pele de animal. Já foi muito comum o campeiro ostentar guaiacas feitas com peles de caça.

Então, segundo as regras do MTG, na pilcha oficial do gaúcho é indicado o uso da guaiaca. Quanto a rastra, essa tem uma certa resistência por muitos, bem semelhante ao caso das boinas, que já falamos em outro vídeo.

As rastras são cinturões dos gaúchos platinos, da banda oriental. Eu dei uma campeada em sites argentinos e o uso da rastra também se dá a partir dos idos de 1800. 

Geralmente elas são mais enfeitadas, com moedas e outros adornos de metais. O que mais destaca a rastra é o florão que tem na parte frontal, onde se tem emblemas e iniciais da família, da cabanha, da pátria. Esse florão é preso na parte de couro da rastra por umas correntinhas que na ponta tem moedas, chamados de patacones. 

A diferença fundamental da rastra para a guaiaca é que ela não tem bolsos, serve simplesmente para segurar as pilchas firmes e são usadas sobre as faixas de cintura. Outro detalhe das rastras é que na parte de trás tem um pedaço mais largo de couro que serve para proteção.

Se tu der uma olhada nos registros fotográficos das festas criollas da Argentina e do Uruguay, tu vai ver um monte de rastra, todas muito enfeitadas, algumas até com trabalho de prataria crioula.

E agora vem aquela pergunta: Então significa que eu não posso usar rastra aqui no Brasil?

Eu e ninguém pode dizer o que tu pode ou não pode usar. Mas é sempre importante a gente prestar atenção e saber o porque estamos utilizando. Tua pilcha é parte da tua identidade, ela transmite aquilo que tu é, por isso tu tem que saber o porque, afinal guaiaca não é qualquer coisa que seja de couro que se enrole na cintura.

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