Primeiramente é importante a gente saber que o cavalo não é um animal originário do continente Americano. Ele foi trazido aqui por essas bandas na época das grandes navegações, ali na volta dos anos 1500.

Um dos principais nomes responsáveis pela introdução do cavalo mais aqui pras bandas do Sul do continente foi o aventureiro espanhol Alvar Nuñez – Cabeza de Vaca. E depois com as missões jesuíticas, vieram mais cavalos.

Originalmente os cavalos que desembarcaram por aqui foram das raças andaluz e berbere, que tem por característica resistência, força e valentia.

Como naqueles tempos havia muita peleia por território, vira e mexe as terras de uns eram atacadas, trocavam de donos e os animais que ali estavam acabaram fugindo ou ficando sem cuidado humano.

Então inúmeras tropas de cavalos puderam ficar livres por toda a América do Sul, desde as planícies do pampa até os Andes. E durante cerca de 400 anos os cavalos foram se adaptando, sendo naturalmente selecionados e evoluindo junto com o clima e a geografia do continente americano.

E após esses 4 séculos, surge um cavalo com características únicas e próprias da América do Sul. Um cavalo ágil, rústico e resistente. Temos então o nosso cavalo, o cavalo crioulo. Mas é importante a frisar que por mais que o cavalo tenha se espalhado em todo o continente Americano, nos EUA e México os animais acabaram desaparecendo devida as constantes peleias e o cruzamento com outras raças. Na parte mais perto da linha do Equador, como na Colombia e na Venezuela, as altas temperatura, a alimentação e a geografia alteraram muito a aparência e a estatura dos cavalos.

E foi justamente a nossa região América que teve as condições ideiais para a formação da raça. O sul brasileiro, Argentina, Uruguai, Paraguai e Chile.

Tche e foi no início do século XX que o cavalo crioulo começou a ganhar notoriedade, quando criadores começaram a investir em melhoramento genético e as primeiras associações começaram a surgir e aproximar esses cabanheiros.

Tanto que somente em 1922 o cavalo crioulo teve sua oficialização como raça. E isso aconteceu muito pelos esforços do argentino Don Emilio Solanet, que desde o início de 1900 já peleava pelo reconhecimento e melhoramento da raça.

A titulo de curiosidade, Don Solanet é dono da cabanha El Cardal, que é famosa por ter emprestado os cavalos Gato e Mancha para fazer a maior cavalgada da história, de Buenos Aires a Nova York, mais de 21mil km.

No Brasil, a partir dos anos 30, os estancieiros começaram a se organizar para fundar uma associação e dali saiu a ABCCC. No início, o grande desafio da associação era catalogar, uniformizar e unificar os padrões de cavalos crioulos, tanto que as primeiras feiras e exposições eram muito mais focadas na morfologia.

Tempos depois, ali pelos anos 70 as provas funcionais começaram a cair no gosto dos cabanheiros e principalmente do público, dando um novo status a raça. O ponto chave dessa fase foi a criação do Freio de Ouro, em 1982. Que além do espetáculo se tornou uma importante ferramenta de seleção, uma vez que motivou a otimização da raça, tanto morfológica quanto funcionalmente.

E pra um cavalo ser considerado oficialmente crioulo, ele precisa passar por um processo de certificação pela ABCCC, nesse processo é analisado a árvore genealógica do animal e se ele se enquadra nos requisitos padrões da raça. Se você quiser saber um pouco mais sobre a morfologia e também consultar o studbook completo sobre a raça crioula, acessa o site da ABCCC que é cavalocrioulo.org.br

Hoje o cavalo crioulo é um sinônimo da cultura gaúcha, tanto que em 2002, ele foi considerado como um dos símbolos oficiais do estado do Rio Grande do Sul e tem a alcunha de patrimônio cultural! Que momento!

O gaúcho ama o cavalo crioulo e não faltam provas desse amor. Temos diversos poemas, músicas e até CDs inteiros dedicados somente ao cavalo crioulo. Como diz o verso do Mauro Ferreira e do Luiz Carlos Borges:

“É a história de amor que não tem mais fim. É a história do crioulo, viva paixão. Um sonho pela rédea. O cavalo, enfim, do peão e do patrão!”

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *