Tu já deve ter ouvido os termos como alambrador, posteiro, saladeiro, guasqueiro, esquilador… mas tu sabe o que isso significa? Este é o assunto desta nossa prosa. Então enquanto eu faço o meu mate, tu dá uma mirada se já tá inscrito no Youtube.com/LinhaCampeira, ativa aquele cincerro da égua madrinha das notificações e dê um bueno véio bem caprichado nesse vídeo!
Estes termos que eu citei, na abertura do vídeo, tenho certeza que tu já ouviu em alguma roda de conversa, em alguma poesia ou alguma música. Mas tu sabe mesmo o que eles são e o que eles fazem?
Todos estes termos são profissões ou ocupações dos gaúchos de campo. Esquilador tu já sabe porque viu o vídeo de Explicando a Letra de Esquilador, do Telmo de Lima Freitas.
Alambrador é o peão que lida com o alambre. Em espanhol alambre quer dizer arame. Ou seja alambrador é o peão responsável pelas cercas e aramados das propriedades. E a lida de alambrador não é nada fácil.
Algumas curiosidades é que os alambradores, geralmente eles trabalhavam por empreitada nos fundão de campo, aí acampavam na beira do mato por onde estavam fazendo a cerca mesmo.
As ferramentas dos alambradores eram: picão, cavadeira, pá, torques, alicate, enxada, machado, chave, pua, trado, facão, serrote, pé de cabra, martelo, lima, metro e enxó.
Outra curiosidade é que antigamente as tramas e alguns palanques eram retirados de algum mato ali por perto mesmo, quando as vigas eram muito grossas elas eram rachadas por cunhas de ferro e ou por estopim de pólvora.
Uma música sobre o alambrador é: No Cabo do Socador, d’Os Chacreiros.
O guasqueiro também é conhecido por sogueiro. Guasqueiro vem do termo guasca. Que é uma tira de couro cru. Guasqueiro ou sogueiro é quem trabalha com couro.
Faz bainhas pra facas, rédeas, cabrestos, maneias, travessões, selas, laços, chaveiros, cintos, guaiacas, chapéus e mais o que precisar que use por matéria prima o couro.
O ofício de guasqueiro é bem artesanal. Pra se ter ideia, o serviço é bem puxado. Porque tem que preparar o couro: limpar, esticar, secar e amaciar. No verão essa primeira parte é rápida, mas no inverno chega a passar de semana essa preparação.
Depois de lonqueado o couro, aí precisa cortar, moldar, furar, costurar, trançar e mais um eito de lida. O resultado a gente já sabe… são verdadeiras obras de arte.
Posteiro é o peão que fica no posto. Ou seja, nas grandes estâncias onde o gado ficava solto na invernada, a cada eito de terra, tinham alguns postos em pontos estratégicos pra que o peão posteiro pudesse vigiar e cuidar daquele lote de gado.
Geralmente esses peões posteiros construiam um ranchito simples e ao redor faziam uma roça e até criavam umas galinhas umas vaca de leite pro mantimento deles e da família que as vezes morava junto.
E uma música especial é Romance de um peão posteiro, com letra do grande Adair de Freitas e música do Ricardo Martins.
E por fim o saladeiro, que não é o peão que faz salada. Saladeiro vem de sal. Ou seja, saladeiro, seria peão que faz a salga do charque.
Uma curiosidade é que em português o termo para o local onde se faz charque é charqueada, já em castelhano é saladeiro. Tanto que as referências que encontramos vem sempre como: los saladeiros platinos.
Logo saladeiro é o peão responsável pela salga, da mesma forma que pode ser para a charqueada como um todo.
Mas convém lembrar que nas charqueadas tinham outras funções como zorreiros, camboneiros, coleiros, carneadores, charqueadores, aguateiros, matambreiros. Mas essas funções das charqueadas são um assunto pra um outro vídeo né, tche.
Como material complementar, vou deixar fixado nos comentários um link pra uma série documental argentina chamada Paisanos, que apresenta o dia-a-dia de peões que ainda tem esses ofícios campeiros. É loca de linda e muito bem produzida essa série. Vale a pena assistir.