“De chão batido” é uma vaneira de autoria do João Alberto Pretto, Pedro Neves e Martin Agnoletto. As versões mais conhecidas dessa música são as dos Serranos e dos Monarcas. O Baitaca também gravou ela.
Ffoi lançada em setembro de 1992, pelo Grupo Renascença, no vinil de nome De Chão Batido e era a faixa 1 do lado A.
Deixo aqui o agradecimento ao parceiro Leandro Cunha e ao Sidnei Leite “o Canudo” por terem confirmado estas informações acerca do disco.
Essa música ela conta de forma nostálgica como que eram os bailes antigamente, com todos os detalhes do ambiente, das pessoas, do jeito que o baile se desenrola. A letra tá recheada de termos bem regionais. Bamo dar uma lida nas estrofes e em seguidita eu vou explicando os detalhes.
Em xucras bailantas de fundo de campo
O fole e tranco vão acolherados
Tenho certeza que tu já deve ter ouvido: Enxuga bailanta de fundo de campo.
Isso mostra que é um baile véio de campanha desses bem tradicional. O termo xucro aparece aqui como algo simples, sem muito luxo.
Fole é uma referência ao fole da gaita e o tranco é a levada música, o compasso. É bueno o termo que usa pra dizer que as coisas andam sincronizadas que é acolherado. Este termo é bem utilizado pelo interior gaúcho quando se refere a coisas que estão juntas, unidas.
O índio bombeia pro taco da bota
E o destino galopa num sonho aporreado
Bombear é olhar. No caso aqui o índio ou seja o homem, dá uma olhada pro taco. que é parte de madeira da bota. E o destino tá em aberto nessa noite de baile. Deixar que se vá, aporreado, sem destino, sem controle.
Polvadeira levanta entre o sarandeio
Que é lindo o rodeio de chinas bonitas
Polvadeira é a poeira que levanta enquanto o povo dança. Sarandeio é o movimento dos vestidos das prendas.
E o rodeio é o encontro, reunião. Na lida campeira é um termo utilizado pra juntar os animais para uma determinada atividade como marcar, castrar, contar, etc. Só que também é aplicado as pessoas. Várias pessoas reunidas para uma finalidade também é um rodeio.
Quem tem lida dura e a ideia madura
Com trago de pura a alma palpita
Quem é do campo, de lida puxada e com as ideia centrada. Chega no baile e toma um trago de canha pura que faz a alma palpitar. Se sente limpo e leve pro fandango.
Atávico surungo de chão batido
Xucrismo curtido na tarca do tempo
E esse refrão é cantando a reviria e errado por muita gente. Eu já ouvi: A tarde num surungo e também Atraco num surungo. Mas a verdade é atávico.
O atavismo é uma característica biológica, onde uma certa característica volta a aparecer em uma pessoa da mesma familia gerações mais tarde. Mas pra nós tem o sentido de ser terrunho, raiz, nostálgico, autoctone.
Surungo por definição seria um baile simples, popular. Chão batido é porque o piso é de terra. E é por essa característica que se levanta polvadeira.
Xucrismo curtido seria a essência de toda a lida que esses campeiros tem. Tarca é uma peça que a gente utiliza pra contar os animais. Tarca do tempo seria o passar dos anos. Tal qual um homem campeiro e sua experiência de vida.
Refaz invernadas de ânsias perdidas
E encilha a vida no lombo do vento
Refazer invernadas é juntar as coisas que estão extraviadas na vida. Pra encilhar no lombo do vento, ou seja pra dar um rumo e sentido a sua história.
Faz parte do mundo do homem campeiro
Dançar altaneiro no fim de semana
O gaúcho se arrima nos braços da china
E cutuca a sina com um trago de cana
Dançar altaneiro é dançar orgulho, faceiro.
Arrimar é se firmar, se segurar, bem grudadito nos braços da amada.
Basta estar num fandango do nosso Rio Grande
Pra ver que se expande esse elo gaúcho
Esta pura verdade que não tem idade
É a nossa identidade aguentando o repuxo
Encerra com esse baita verso que mostra o que é um baile gaúcho. Expande o elo, mostra o amor pela tradição, pela nossa cultura. E um baile gaúcho não tem idade, é uma festa pra todos.
Parabéns pelo excelente trabalho, sugestão para explicacao da letra das músicas; pataquero e cheiro de galpão