Certa feita me falaram algo mais ou menos assim: Sabe de uma coisa que eu admiro no povo gaúcho? Tudo o que vocês tem lá é de um jeito diferente, próprio. O nome dos objetos do cotidiano, de se cumprimentar, de chamar os outros e até de de cantar parabéns.
E não é que essa pessoa tinha toda a razão. As vezes a gente não se dá por conta da importância cultural que isso tem. O Parabéns Crioulo é um patrimônio cultural que temos e não podemos perder isso de jeito nenhum!
Este rico e entusiasmante xote foi escrito no ano de 1958 pelo Dimas Costa, natural de Bagé, em parceria com o Eleu Salvador, de General Camara. E aqui vale a gente destacar quem foram eles.
Dimas Costa foi um conhecido folclorista, poeta e radiaista. Era chamado de Xiru Divertido e apresentou diversos programas de sucesso no rádio, como por exemplo o Grande Rodeio Coringa. Também participou de alguns filmes do José Mendes e do Teixeirinha como: Para Pedro, Não aperta Aparício, Abas largas e Gaúcho de Passo Fundo.
E o Eleu Salvador foi ator, radialista, compositor e fez grande sucesso mesmo foi com a dublagem. Muitos famosos personagens do cinema e da televisão tinham a voz do Eleu.
A primeira vez que essa música foi gravada foi no ano de 1969 no LP Andarengo do grande José Mendes. Era a faixa 6 do lado A desse disco.
Repare que o nome da música está só como: “Parabéns”. Depois, com o passar dos anos e as diversas gravações começou a ser acrescido: Parabéns Crioulo, Parabéns Gaúcho, Parabéns Gaudério ou simplesmente o nosso parabéns.
Tche e ele é algo tão terrunho, tão simples e representativo, que parece ser uma daquelas músicas que sempre existiram. Daquelas que todo mundo sabe por que já nasceu cantando.
E aqui eu faço um apelo a todos que assistem esse vídeo. Na próxima oportunidade que tiverem cantem o nosso Parabéns Crioulo. Ele é parte da nossa identidade, nos difere dos demais e nos une como iguais.
E pra quem ainda não decorou, é loco de simples. É um refrão repetido 3x e duas declamações no meio.
Eu vou dar uma encurtada na música só pra exemplificar. Mas ao final, eu vou deixar a versão cantada inteira!
Já começa com o refrão:
Parabéns, parabéns / Saúde e felicidade
Que tu colhas, sempre todo dia,
Paz e alegria na lavoura da amizade
Depois entra a primeira declamação:
“Que Deus velho te conceda /Com a sua benevolência
Muitas e muitas campereadas / no potreiro da existência”
Aí tem mais uma volta do estribilho e quando terminar, outra declamação:
“E unidos no mesmo afeto / te abraçamos neste dia
E para que siga a festança / repetimos com alegria”
Aí é mais um refrão e só cortar o bolo! Agradecemos a parceria da Yara Costa Bandeira, filha do Dimas Costa, que nos confirmou os detalhes da música.