Desta feita te contaremos a história e os detalhes da letra de uma das músicas que a gauchada mais gosta: Pêlos, do José Cláudio Machado!
Pêlos foi escrita na volta de 1985 pelo próprio José Cláudio Machado e concorreu na 2ª Reculuta da Canção Crioula de Guaíba.
É uma daquelas músicas que todo mundo canta… mas tem algumas palavras e termos mais complicados, então bamo escutando e vou te explicando.
Êra cavalo! Reculutando a potrada / Corro as varas da mangueira
No bate patas do campo / só ficam vultos e poeira!
São gritos de bamo cavalo / Toca-toca, êra-êra
Reculutar é o ato de recuperar, agrupar ou juntar os animais.
Potrada é o coletivo de potros e serve pra cavalos no geral. Mas é bom lembrar que por potro a gente chama o cavalo mais novo, que geralmente não foi domado ou que está em fase de doma.
Correr as varas da mangueira é abrir a porteira. Mas pra entender isso, temos que voltar a um tempo onde as mangueiras eram feitas de pedra ou de varejões. Na boca da porteira, se tinham os mestres, tronqueiras, os moirões que eram furados e por ali se cruzavam as varas, que eram corridas para abrir e fechar a mangueira.
Então o José Cláudio Machado, corria as varas da mangueira pra deixar a potrada entrar e sair. Diz que quando chegava um peão novo pra iniciar os trabalhos numa estância, logo se botava ele pra correr as varas e se o peão não corresse as varas até o final, deixando as pontas das varas expostas não servia pra serviço. Por que essas pontas poderiam machucar os animais na hora de entrar ou sair da mangueira.
No bate patas do campo, só ficam vultos e poeira: Che! A hora que a cavalhada começa a correr sobe aquela polvadeira e só se vê os vultos mesmo. Aí se grita os êra-êra… pra conduzir a tropa.
Entre potros que amansei / Que sentei meu lombilho
Foram baios e ruanos, cebrunos e douradilhos
Já quebrei muitos tubianos, alazão, preto e tordilho
De vinagre até um negro, todos os pêlos eu encilho
Gateados e lobunos, zainos também domei
Um rosilho prateado em malacaras andei
Lombilho é o arreio, o basto, a cela, que o domador coloca sobre o cavalo.
E em seguida começa a listar uma série de pelos ou seja de pelagens de cavalos que ele domou. Ah… e pra quem ainda não sabe Pelo é como a gente se refere a cor dos cavalos.
Pra esse domador da música, ele não escolhe pelo de cavalo, monta e doma qualquer um.
Malacara é o cavalo que tem a cara desbotada, albina.
Arrocinei um bragado
Um oveiro negro, um rosado
Um chita, um branco ou melado
Um picaço pata branca
Que por sinal desconfiado
Especial baio gateado
Que nunca deixou-me a pé
Um tostado bico branco
Tropiei muito pangaré
Arrocinar, de forma bem simples é o processo da doma. É tirar as balda do potro pra deixar ele pronto pra lida.
Deixar a pé é uma expressão, pra quando o cavalo dispara e te abandona no meio do campo.
E o Zé Cláudio diz que tropeou muito pangaré… na juventude o José Cláudio Machado trabalhou como tropeiro e pangaré é sim uma pelagem. Meio avermelhada com umas manchas em algumas partes, meio parecido com a pelagem de um veado.
Um Colorado cabano
Um azulego mui feio
Que às vezes em volta do rancho
Deixava mascando o freio
Cabano é como são chamados os cavalos que tem um defeito na orelha, que seja torta ou caída por exemplo.
Mascar o freio é um hábito que alguns cavalos tem como uma certa distração. Ficam mastigando a perna do freio pra relaxarem enquanto não estão na lida.
Só me falta o potro mouro
Que é pra sentar meus arreios
E tu sabe por que só faltava o potro mouro pra sentar os arreios? Diz que dentre os prêmios do festival, da 2ª Reculuta, estava um potro mouro. Então a letra foi uma provocação aos jurados pra que ele levasse o potro pra casa.
Só que ele acabou ficando sem, pois a música que venceu foi Contrabando, de Antonio e Mauro Ferreira e Luiz Bastos, interpretado por Duo Manancial. Pelo foi a 2ª colocada daquele festival e o José Cláudio Machado ganhou também o premio de Melhor Intérprete.
uma correção esta letra e de é Antonio Augusto Ferreira musica de Mauro Moraes e Luiz Basto da musica Contrabando vencedora da 2 Recoluta nada haver com Angelo Alves, um abraço