Querência Amada é sem sombra de dúvidas, o maior clássico da música gaúcha. É de autoria de Vitor Mateus Teixeira, mundialmente conhecido por Teixeirinha. Esta música foi escrita em 1975 e lançada no LP Aliança de Ouro.
Quem é gaúcho e mora fora do Rio Grande do Sul, sabe muito bem que vira e mexe tu tá numa festa e tem alguém com o violão ou gaita e logo te dedicam Querência Amada. E a maioria do povo canta junto. Já perdi a quantidade de vezes que fui homenageado desta forma.
Quem quiser saber quem sou
Olha para o céu azul
E grita junto comigo
Viva o Rio Grande do Sul
Desse verso não tem o que explicar… a música começa linda por demais!
O lenço me identifica
Qual a minha procedência
Da província de São Pedro
Padroeiro da querência
O lenço identifica nós gaúchos. Geralmente como maragatos ou chimangos.
Província de São Pedro era o antigo nome do Rio Grande do Sul. Historicamente, já tivemos alguns nomes ligados ao nosso santo Padroeiro. Como Capitania de São Pedro do Rio Grande do Sul e depois Província de São Pedro do Rio Grande do Sul.
Oh, meu Rio Grande
De encantos mil
Disposto a tudo pelo Brasil
Nesse verso o Teixeirinha traz a mensagem de integração, de lembrar que por mais que amamos nosso torrão, temos que nos unir pela pátria mãe.
Querência amada dos parreirais
Da uva vem o vinho
Do povo vem o carinho
Bondade nunca é demais
Como bem sabemos os vinhos gauchos sempre foram reconhecidos como excelentes e o Rio Grande do Sul é uma referência na produção. Da mesma forma que temos a fama de sermos um povo hospitaleiro e acolhedor.
Berço de Flores da Cunha
E de Borges de Medeiros
Terra de Getúlio Vargas
Presidente brasileiro
Nesta estrofe o Teixeirinha decidiu puxar saco parelho dos chimango. Flores da Cunha foi um importante político gaúcho, governador do Rio Grande do Sul nos anos 30.
Borges de Medeiros também foi outro político gaúcho e governador do estado, mas esse foi por mais de 20 anos. Borges de Medeiros é Antonio Chimango e já falamos nesse episódio aqui sobre ele.
E Getúlio Vargas dispensa apresentações. Amado por uns e odiado por outros, como todo bom caudilho.
Eu sou da mesma vertente
Que Deus saúde me mande
Que eu possa ver muitos anos
O céu azul do Rio Grande
Teixeirinha diz nesse verso que é da mesma vertente desses cidadãos notáveis e que tem fé que Deus conceda a ele muitos anos pra viver no Rio Grande.
Te quero tanto, torrão gaúcho
Morrer por ti me dou o luxo
Querência amada
Planície e serra
Dos braços que me puxa
Da linda mulher gaúcha
Beleza da minha terra
Torrão tem o sentido de pedaço de terra. E nós gaúchos somos apaixonados por esse nosso torrão e não temos vergonha de admitir isso. Dar o luxo de morrer por ele como os farrapos fizeram na revolução.
Querência é o local que vivemos e amamos. Planícies e serras são muito presentes no nosso relevo. E de quebra ainda fecha o verso com uma linda homenagem às prendas do pago.
Meu coração é pequenoP
orque Deus me fez assim
O Rio Grande é bem maior
Mas cabe dentro de mim
Outro baita verso. Somos pequenos perto do tamanho do amor que podemos carregar.
Sou da geração mais nova
Poeta bem macho e guapo
Nas minhas veias escorre
O sangue herói de farrapo
Teixeirinha representa neste verso a valentia e a hombridade dos jovens gaúchos da época. Muito importante que traz a tona que os resquícios da epopéia e dos ideias farroupilhas ainda estão, de certa forma, pulsando na gauchada.
Deus é gaúcho
De espora e mango
Foi maragato ou foi chimango
Esse é o verso mais conhecido e cantando no mais alto volume quando essa música é representada. Já pensou num Deus gaúcho, de esporas nos pés e com o mango no pulso.
Querência amada
Meu céu de anil
Este Rio Grande gigante
Mais uma estrela brilhante
Na bandeira do Brasil
E tu sabe qual estrela que representa o Rio Grande na bandeira brasileira? É a Estrela Alfa do Triangulo Austral.