Um Feliz Dia das Mães para todas as mães gaúchas! Mulheres mais que especiais que são nossos sinuelos de vida, amor e esperança! Completamos nossa homenagem com a poesia Mãe Crioula do Jayme Caetano Braun. Mãe crioula do Rio Grande, Sacrosanta criatura, Olho d´agua de ternura Na velha várzea pampeana, Não há rincão de alma humana Onde não se erga um altar Somente pra te adorar Como Deusa e Soberana. Mãe crioula do Rio Grande, Legenda de mil amores, Campo bordado de flores, Delicadas sem espinhos Sombra amiga dos cominhos, És, o sagrado reduto, Onde o chiru, por mais bruto, Aprende a beber carinhos. Mãe do piasito dos ranchos Ao desamparo da sorte, Desses que rolam sem Norte Pelos atalhos da vida, Mãe que embala comovida O amado filho campeiro, Rezando, à luz do candieiro, Pra que ele cresça em seguida. Mãe do gaudério sem lei Que um dia se foi embora, Mãe santa e buena que chora Antes do filho partir. Mãe que não sabe pedir Por ter medo de magoar, Mãe que de tanto chorar Desaprendeu de sorrir. Mãe do pobre peão de estância, Miserável dos galpões. O paria das solidões Maltrapilho, analfabeto, Mãe que sob, o humilde teto Presente o trote do pingo, Do filho que vem domingo Trazer-lhe um pouco de afeto. Mãe da chinoca inocente Que enfrentando um mundo novo Um dia caiu no povo Pialada pó sorte á-toa. Mão divina sempre boa, Que lá ficaste sozinha Rezando pela chininha, Pois a mãe sempre perdoa. Mãe dos tauras que morreram Em peleias de aotras eras, Mãe que ao cruzar nas taperas Sente que o peito se inflama, Porque sofre o mesmo drama Que alguma outra mãe sofreu E recolhida ao seu eu Em lágrimas se derrama. Mãe que sofre ouvindo o guacho Rinchando de tardezinha, Como a chamar a mãezinha, Num triste e longo estribilho, Por ver no pobre potrilho O pensar grande e profundo Do filho sem mãe no mundo Que o possa tratar de filho. Mãe gaúcha incomparável, Rainha do Céu azul Mãe do Rio Grande do Sul, Mãe do centauro charrua, Nem estrelas, nem a lua, Jamais te igualam no brilho Quando a sentença, Meu filho, Entre os teus lábios flutua. Por isso que, reverente, Santa mãezinha querida, Fonte de amor e vida Sacrificada aos deveres, Sinto o maior dos prazeres Ao beijar-te, Anjo Bendito, Pois em ti, eu beijo contrito, O mais sagrado dos seres.