Não sei se tu já percebeu que apenas nós, gaúchos, nos referimos a nossa roupa, ao nosso traje tradicional como pilchas. Mas o que siginifica esse termo e qual a sua origem?

Se a gente for no dicionário pra conferir o termo, vamos ter a seguinte definição de pilcha: 1. Dinheiro, acepção. 2. Objeto de algum valor 3. Peça que é usada como adorno ou ornamento. 4.Cada uma das peças do vestuário gaúcho típico.

Ou seja… na lingua portuguesa não ajudou muito a saber ou a explicar. Apenas dá a ideia de que são vestimentas que tem algum valor. 

Aí fui pesquisar “pilcha” num dicionário em espanhol e tive as seguintes definições: 1. pobre ou em mau estado. 2. parte de um recado. 3. Artigo de vestuário, elegante e caro.

Mas que definição mais dicotomica. De pobre a elegante e caro.

Em ambas as linguas, temos a definição relacionado a roupas e a objetos de valor. Só que não é nada conclusivo. Só que no dicionário em espanhol, tinha um adendo a etimilogia deste termo, que aí me alegrou e esclareceu.

Dizia: La palabra pilcha, procede del mapuche pulcha.

Pra quem não sabe, os mapuches são um povo originário aqui da America do Sul. Eles vivem na Patagônia, entre o Chile e a Argentina. Tem um folclore muito rico e tem muita influência na cultura gaúcha. Dá uma conferida no vídeo sobre a faixa pampa que tem mais sobre eles.

Mapuche significa povo da terra. Mapu é terra e che é povo, gente. E a lingua mapuche é mapudungum, a lingua da terra. mapu terra e dungum é fala, lingua.

Pilcha vem do mapudumgum pulcha, que por sua vez significa enrugado, amassado, dobrado. 

Logo a pilcha é como uma antitese de pulcha. Quando estamos pilchados, estamos com as roupas lisas, alinhadas, bem passadas, na estica. Ou seja, por isso que quando vestimos a nossa pilcha nos sentimos especiais e temos motivos de sobra, né tche!

Comentários
  1. ”Não sei se tu já percebeu que apenas nós, gaúchos, nos referimos a nossa roupa, ao nosso traje tradicional como pilchas”
    Negri, nós Birivas, tropeiros curitibanos também nos referimos à nossa roupa como pilcha, Não somos gaúchos, mas também somos integrantes da cultura campeira, e vários dos nossos acessórios ”planaltinos” foram parar aí no rio grande e adjacências, como a guaiaca, o pala carminado, a bota sanfonada, os chapéus de aba bem larga, O colete, a faca lapiana.. até a chula, o chico do porrete, o fandango sapateado e a dança do facão… Deixamos estas características por onde nós paranaenses passamos, de sorocaba à castro, lapa, lages, curitibanos, vacaria, passo fundo, erechim, nonoai, cruz alta…
    Negri, recomendo o livro do escritor gaúcho Carlos Zatti : ”Biriva: Tropeiro paranaense” sei que tu vai gostar, xirú

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *