Tio Bilia nasceu na localidade de Serra de Cima, hoje pertencente ao município de Entre-Ijuís, na região missioneira, bem próximo de Santo ngelo. Seu nome de batismo é Antonio Soares de Oliveira e nasceu em 05 de agosto de 1906. Seus pais são Belizária Soares e Joaquim de Oliveira.
Sempre teve vocação para a música, tanto que começou a dar os primeiros acordes aos 10 anos de idade. Aos 12 ganhou a sua primeira gaita de botão e quando tinha 14 anos subiu pela primeira vez num palco para animar um fandango. E recebeu 5 mil réis pelo serviço.
Em seguida começou a animar mais e mais bailes e o povo de lá começou a chamar o promissor gaiteiro de “Guri da Belizária”! Nessa época, de 14 aos 16 anos ele tocava junto com seu pai que era violeiro e também seu irmão que era gaiteiro.
Pouco mais tarde, aos 18 anos, foi servir na Brigada Provisória, em São Miguel das Missões, tendo participação em diversos combates contra as forças revolucionárias da tal coluna Prestes. E diz que entre uma peleia e outra ele tocava uma gaita pro pelotão. Ele serviu de 1924 a 1927, quando encerrou o conflito.
Tio Bilia se casou em 16 de junho de 1933 com Atila de Oliveira e Fonseca, tiveram 7 filhos e muitos desses filhos são gaiteiros, da mesma forma que alguns netos.
O que sempre marcou a gaita do tio Bilia foi o estilo autêntico de tocar. Bem marcada, muito original e com um som alegre e bailável. Tem 111 músicas registradas e gravadas em seu nome.
Demorou pra gravar um disco, o seu primeiro foi em 1963, quando ele já tinha 58 anos. Disco em parceria com outro gaiteiro Virgilio Pinheiro. Nesse disco intitulado Baile Gaúcho, o lado 1 tem 6 músicas do Tio Bilia e o Lado 2 têm outras 6 do Virgílio.
É importante falar que esse disco teve intermédio do tradicionalista Maximiano Bogo e também dos Irmãos Bertussi, Adelar e Honeyde.
Uma curiosidade a respeito desse primeiro disco do Tio Bilia é que por orientação dos Bertussi, ele precisou encurtar as suas músicas pro formato do disco, que era de cerca de 3 minutos, pq o Tio Bilia era acostumado a tocar baile a noite toda e a muitas das suas músicas tinham mais de 10 min.
Somando este gravou 13 LPs entre os anos 1963 e 1988 ao longo de sua carreira. 6 deles tem o nome Tio Bilia Baile Gaúcho Volumes, 1, 2, 3, 4, 5 e 6. Tem também os de nome “Tio Bilia e Arnóbio Bilia – Encontro de Pai e Filho” – Volumes 01, 2, 3 e 4 e os Encontro de Gerações, que é o tio Bilia, seu filho e seus netos, volume 1, 2 e 3.
E nesse último disco lançado em 1988 que é o Encontro de Gerações, volume 3, o Tio Bilia já estava com mais 80 anos quando gravou e desdobrava aquela oito baixo como ninguém!
Como é bonito ver um artista desse nível com uma longeva carreira, foram quase 75 anos de música instrumental gauchesca! Tio Bilia acabou falecendo em 19 de agosto de 1991, aos 85 anos.
A obra de Tio Bilia, autêntica e pioneira, serviu de inspiração pra grandes gaiteiros de todo o Brasil. Tanto que ele é reconhecido por “O Rei da Oito Baixos!” Pra ter ideia de quem já gravou a sua obra: Renato Borghetti já gravou diversas marcas do Tio Bilia, da mesma forma Os Serranos, Irmãos Bertussi, Albino Manique. Aqueles que são referência pra tanta gente tem a sua fonte.
Tio Bilia merece todas as homenagens possíveis pois o seu papel para a música gaúcha é sem igual! No Bairro Pippi, em Santo Angêlo, há um CTG que leva seu nome e há também uma estátua na praça, erguida em 1999, assinada pelo artista Tadeu Martins.
Meu avô tocava esse instrumento, simplesmente magnífico, hoje moro em São Paulo mas amo a cultura gaúcha!!!
Excelente texto sobre o Tio Bilia. Parabéns e viva a música!