Tem uma música que eu gosto por demais que é “O Baile do pé-de-cabra”, um rico de um xote, que já tocamos algumas vezes no programa de rádio do Linha Campeira e recentemente foi gravada pelo Raineri Spohr no trabalho Brados. O autor dos versos é o Diego Muller e da melodia ao Filipe Corso.

Essa música conta de um baile que aconteceu em uma casa, mas o mais interessante é a história que tem por trás de tudo isso. Esses bailes do pé-de-cabra aconteciam antigamente pelos interiores desse nosso pago.

No livro Indumentária Gaúcha – dos bailes antigos aos tablados, o autor Giovani Primieri, traz esse tema também e conta que:

“Onde ainda não havia salões de baile, ou estes ficavam muito longe de alguns núcleos rurais, era comum as pessoas de uma mesma comunidade ou das vizinhanças reunirem-se e fazerem um mutirão de trabalhos junto ao dono da casa que seria cedida para que houvesse um baile. Nesta casa, retiravam-se várias paredes com o auxílio de “pés-de-cabra”, em seguida, arredavam-se os móveis para os cantos, para ali mesmo acontecer o festo. Depois tudo voltava ao seu lugar como mesmo zelo com que eram retiradas.”

Numa publicação no site EstanciaVirtual.com.br, o Diego Muller que é o compositor dessa música: O Baile do pé-de-cabra, conta todos os detalhes da inspiração que levou ele a escrever esse tema.

Segundo o autor, a letra da música foi baseada em um causo contado por Paixão Côrtes durante um curso em Antônio Prado em 2002.

O Paixão Cortes contou que numa feita estava em um tal de xixo bruto, que havia sido organizado meio de “sopetão”, através de um “Assalto”, ou uma “Surpresa”.

Mas não se apavorem que Assalto não tem nada haver com roubo. A palavra assalto tem o sentido de ser repentino, rápido, sem aviso. E aconteciam os bailes na campanha por meio de ‘assalto’ ou ‘surpresa’. Que é quando se chegavam os convidados sem avisar na casa de determinado amigo ou parente, com uma turma, acordando a todos com foguetes e cantorias de serenatas.

Geralmente acontecia em datas festivas, aniversários, batizados ou até, quem sabe, num dia de Natal ou ano novo. Os amigos chegavam e já apeavam “pra dentro”, organizando uma bailanta improvisada, a base de violão e cordeona, até o dia clarear.

O Telmo de Lima Freitas tem uma música chamada “Supresa” que fala exatamente disso.
Então as vezes se chegava muita gente no rancho e não cabiam todos na sala, aí era preciso desmontar as paredes com o auxílio de uma ferramenta muito comum: o pé-de-cabra.

Isso por que essas casas de interior eram feitas de madeira e a separação das peças também. Por isso, se sacava fácil os pregos, deixando um grande cômodo. As tábuas das divisórias e os moveis eram arredados pra um canto e corria a bailanta noite adentro.

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