Já de vereda esclareço que tumbeiro não é o vivente que faz tumbas! Inclusive há uma música do Mano Lima que tem esse nome e o verso de abertura é assim:

Sou tumbeiro e isso me agrada viver de estância em estância
Assim vou cumprindo a sina que trago desde criança
Reconforta minha alma andar pelo pago meu
Pois pingo, pata e cordeona, foi tudo que Deus me deu

Antigamente, era comum aparecer numa estância um gaúcho com intenção de descansar no galpão, por uma temporada, enquanto seu cavalo engordasse um pouco, solto em uma invernada. A esse tipo de gaúcho dava-se o nome de “tumbeiro”.

Esses homens vivam solitos e com poucas posses, tinham apenas as roupas do corpo, algum outro objeto pessoal e um cavalo encilhado.

Quando chegavam numa estância, se apresentavam como tumbeiro. Acertado com o patrão, não assumia responsabilidade nos trabalhos cotidianos e nem era remunerado por isso. Em troca da hospedagem fazia pequenos serviços como de cocho, cancela, cabos pra machados e enxadas, sovar couro entre outros.

Para o patrão era coisa boa por que não precisava pagar nada, só liberar um espaço no galpão pro peão dormir, compartilhar a invernada pro seu cavalo e lhe dar um pouco de comida das refeições.

E é justamente da refeição que se vem esse termo tumbeiro. Tumba é como é chamado a comida de quartel ou também a comida de pouca qualidade ou requinte. Justamente pelo tumbeiro não ter esse apego e exigência com as coisas.

Então depois do prazo que tinha combinado com o padrão, o tumbeiro começa a ajeitar seu cavalo que tava na invernada pra dar aquela adelgaçada, aparar os cascos, alisa a cola, tosar as crinas e encilhar a capricho com peiteira, rabicho, poncho emalado e tudo que tem direito.

Aí se despede da peonada e da patronagem e vai em busca de mais uma aventura. Muitas vezes era convidado pra permanecer por mais tempo, mas o tumbeiro carregava a marca de seu destino e tinha de cumprir a missão de viver como um índio vago. E, talvez, morrer com a sina do cavalo: velho e solteiro.

Fonte: Mala de Garupa – Costumes Campeiros de Raul Annes Gonçalves.

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