É inegável dizer que os rodeios se tornaram uma paixão da gauchada. Segundo dados do MTG, até 2019 eram em média 3.500 rodeios por ano só no Rio Grande do Sul, com 50 mil competidores, com público de quase 2 milhões de pessoas, movimentando milhões de reais na economia das cidades gaúchas.
E isso que eu só usei os dados relacionados so Rio Grande. Por que tem muito rodeio gaúcho em Santa Catarina, Paraná, Mato Grosso.
Na maioria dos rodeios o tiro de laço é a atividade principal, mas tem muitos que têm mais provas, tanto campeiras, quanto artísticas.
Nas campeiras, a gente pode destacar as gineteadas, prova que mostra a coragem e a valentia dos ginetes que montam cavalos xucros. E já adianto aqui que logo teremos um programa inteiro dedicado às gineteadas.
Che, me lembro de quando criança ir a uns quantos rodeios onde sempre tinha ovelha, onde em certo momento, juntava a gurizada pra subir em cima, agarrar na lã e sair na disparada. Mas que farra!
E nas atrações artísticas, temos concursos de declamação, de interpretação, música, gaita, desafios de chula, apresentação de invernadas, campeonato de truco e por aí se vai.
Mas tu sabe onde e quando que foi que se iniciou essa lida e cultura de rodeios crioulos no Rio Grande do Sul?
Pra gente saber quando que começou, a gente tem que entender que essas festas crioulas são representações das lidas de campo da gauchada. Como é o caso das gineteadas essenciais na hora da doma e o tiro de laço que é fundamental na lida com o gado campo a fora.
E é bem daí que o tiro de laço como esporte tem origem. O primeiro registro foi no ano de 1951, na cidade de Esmeralda, que fica perto de Lagoa Vermelha, mais ou menos a uns 80 km da grande Ibiaçá.
Então conta o causo que a peonada de uma fazenda tava meio ruim de pontaria e isso tava atrasando as lidas com o gado no campo. Aí que tiveram a ideia de se reunir pra jogar umas cordas e dar aquela treinada no braço.
Pelas informações encontradas temos é que essa “laçada” como foi referida na época é que aconteceu em 14 de novembro de 1951, na fazenda do Sr. Ataliba Kuze e quem emprestou o gado foi o Sr. Valter Oliboni Brehm.
E não é que a peonada garrou gosto pela coisa e em 1952, realizaram a primeira competição como contou o Irinei Nery da Luz, ex-prefeito de Esmeralda e um dos organizadores do evento. Diz que no começo tinha pouca gente pra ver, mas que com o tempo os eventos foram crescendo, porque um peão desafiava o outro.
Logo esse tipo de evento começou a se espalhar pelas cidades vizinhas e em poucos anos tomou conta de todo o Estado, inclusive hoje temos muitos rodeios que já contam com mais de 30, 40 e até 50 edições consecutivas.
E o maior rodeio que temos é o Rodeio de Vacaria! Que acontece desde 1958, pra ser mais exato o primeiro aconteceu em 06 de abril. Os 3 primeiros foram anuais e depois começaram a ser a cada 2 anos. Em 2020, foi realizada a 33ª edição e muito mais que um rodeio crioulo, em Vacaria temos um linda festa de culto às tradições.
Pra gente ter ideia, no último rodeio tiveram cerca de 10 mil competidores e o público foi de 300 mil pessoas. Que baita festa gaúcha!
E em Vacaria tem uma lenda muito peculiar sobre a chuva, que quase sempre chega pra lavar o lombo da cavalhada. Diz que no Rodeio do ano de 1964 uma cigana pediu um copo de água ao patrão do CTG, mas como o vivente tava meio atucanado com a organização das coisas, acabou negando a ajuda a cigana. Então a cigana rogou uma praga dizendo que iria chover em todas as edições do rodeio.
E parece que de lá pra cá a chuva sempre se faz presente. Em 2010 aconteceu outro caso interessante, o patrão foi abordado por outra cigana que propósito ver a sorte lendo a mão dele, mas essa pediu 10 reais pra fazer isso. O patrão nem pensou 2x e pagou os 10 pila e botou a condição dela beber um copo de água, pra ver se quebrava a tal da maldição.
Bem como disse o velho Jayme Caetano Braun em Bochincho: Em bruxas não acredito, pero que las hay, las hay. Ou seja, eu não acredito nelas, mas que existem, existem.