O Sapucay ou grito do sapucay tem origem dos índios nativos das tribos mais costeiras aos rios aqui do Sul. Descendo do Paraguay até nossa fronteira missioneira. O termo é de origem mbya-guarani e tem o significado de alarido, exclamação, grito.
Tanto que a gente diz: Solte um sapucay e o vivente já sabe que vai soltar o grito. Fazendo essa ligação bem simples, grito e sapucay são sinônimos.
Ninguém solta um sapucay sem sentido ou motivo. É uma forma de expressão, de comunicação. É utilizado no dia-a-dia, nas festas, no trabalho e até na guerra. Pra cada situação, se tem um tipo de sapucay.
Nas guerras, nas peleias, eram utilizados para intimidar os inimigos e também para motivar os iguais. Um grito do fundo da alma, mostrando todas as forças que aquele combatente tem.
Nas lidas do dia-a-dia, era utilizado em muitos casos, seja por homens, mulheres e até crianças. Pra avisar que alguém chegou, que se precisa de água, de que a comida está pronta e assim por diante.
Justamente pelo sapucay ser estridente, é fácil de se ouvir. A exemplo… se tinha um vivente do outro lado do rio, se prendia um sapucay pra chamar a atenção. E aí variava a entonação e a duração de acordo com o que se queria.
Outra aplicação do sapucay era para orientação em viagens ou caçadas. Se largava um sapucay e por meio da ecolocalização conseguia se perceber se tava perto da margem do rio, se tinha algum capão de mato na frente, se era um campo aberto e assim por diante.
O sapucay é algo muito comum no costume dos índios, tanto que ele é quase incorporado a fala. É usado pra expressar ou pra intensificar os mais diversos sentimentos. Alegria, Dor, Tristeza, Triunfo e até Provocação.
Há um documentário de nome “Eco do Sapucay” onde apresenta essa temática e traz os depoimentos de índios e antropólogos a respeito da origem do grito e também algumas outras coisas a respeito do folclore em torno do sapucay.
Muitas e muitas músicas gaúchas tem como tema o sapucay e de vez em quando uns grito no meio. Mas é bom lembrar que o sapucay, culturalmente, deve acompanhar os chamamés, devido a origem de ambos serem costeiras. O sapucay faz parte do chamame e vice-versa. São complementares. A métrica do chamamé já te chama pra soltar um sapucay.
Quem é apaixonado por música sabe bem do que to falando… o chamamé começa a tocar, aí chega uma hora que começa a arrepiar o pelo e tu tem que soltar. Seja num chamamé mais animado ou num mais calmo.
Então o sapucay é essa manifestação ancestral, um grito telúrico, que vem da alma de toda essa gente que forjou o povo gaúcho.
Olá! Sou Anderson Farias, diretor do documentário Eco do Sapucay. Muito obrigado por citar nosso trabalho e ajudar a divulgá-lo! Grande abraço.