Certa feita, recebemos um chasque de um amigo nosso reclamando que não entendeu muita coisa do que tínhamos falado em uma edição do Linha Campeira. Com certo ar de reprovação, comentou que não falamos português e que estamos mais alinhados é com os castelhanos. Um idioma gaucho.

Tentei argumentar falando da proximidade que favorece o trânsito pras querências platinas e pela semelhança das atividades do homem rural, do pampa, do gosto pelo churrasco, pela música e pelo amor ao campo. Mas não teve jeito do vivente compreender isso.

Certo dia, resolvi escrever um e-mail pra ele:

“E aí… brother? Tudo ok?

Tá a fim de um happy hour prá gente fazer um brainstorm sobre um best-seller que estou escrevendo? Leva o teu tablet que eu já fiz o upload do abstract no server cloud pra dares um review, pois estou fazendo um benchmarking sobre o copy e o layout.

Que tu acha daquele fast food do shopping onde servem um buffet ligth e tem chopp diet. Além do quê, o ambiente é bem cool, tem DJ e é freqüentado por top models. Também tenho good news! Quero te indicar um personal trainer que tu estava procurando pro teu cavalo, posso convidá-lo e vocês acertam um test-drive e o cachê. Bye.”

 Tchê… e não é que ele entendeu tudo, pois só respondeu: OK.

Mas se fosse na forma gaucha de escrever essa mensagem, eu teria feito assim: 

“E aí, animal? Que tal a vida?

Quem sabe tomemo uns mate hoje? É que preciso cambiar umas idéia contigo sobre um livro de poesia que principei a escrever. Levo o rascunho prá dares uma chuliada e de vereda já atraque uns pitaco sobre a estampa do livro.

Se te agrada, pode ser lá no Bolicho do Quintino, segundo me disse, um paisano que cruzou por lá tresontonte, e a venda tá sortida. Diz que tem sardinha com bolacha e uns gól de vinho, além daquela purinha de sempre, loca de especial. Além disso, podemo joga uma tava ou um truco, bombeá as percantas e ainda ouvi uma oito soco e um pandeiro… Tchê, achei o domador que tu tava campeando. No más, envido o quera pro encontro e aí já engatilhem um vistaço na tropilha. Que te parece… te agrada ou te aborrece?”

 Se ele entendesse, certamente a resposta seria: Tá agarrado.

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