Contraponto é uma milonga que tem os versos de Paulo de Freitas Mendonça e a melodia de Fabiano Bacchieri e Cristiano Quevedo.
A composição dela tem uns fatos interessantes, foi composta em um festival de nome Manancial, no ano de 1994. Esse festival é daqueles onde é dado o tema num dia e se apresenta a marca no outro.
Nesta ocasião o tema era “Campo a fora” e o Paulo deu a letra pro Quevedo que começou a compor uns acordes e logo chamou o Bacchieri pra concluir. Naquela feita, a música ganhou o festival.
Diz que o Joca Martins também tava nesse festival e, tempos depois pediu pra gravar essa música, só que o Quevedo e o Bacchieri não lembravam mais direito da melodia, aí meio que tiveram que fazer novos arranjos pra ela.
O Joca não chegou a gravar essa marca pois estava em turnê com Os Serranos. Então em 1998, essa música concorreu no 5º Cirio – Canto Interuniversitario Rio-Grandense, na cidade de Pelotas. E foi eleita a música mais popular do festival. Quem interpretou ela foi o Cristiano Quevedo, Fabiano Bacchieri e o Jari Terres.
No ano de 1999, o Cristiano Quevedo decide gravar essa marca em seu 1º CD, de nome Destinos e é a 12ª música daquele disco.
Contraponto é uma música que traz uma mensagem muito bonita, daquelas que a gente pode ouvir algumas vezes sem cansar. Ela foi gravada algumas vezes pelo Cristiano Quevedo, inclusive com o Buenas e m’Espalho. E também aparece em inúmeras coletânes nativas ao longo dos últimos anos.
Então agora, bamo dar uma lida na letra pra entender alguns detalhes dela. Bem como o titulo já diz, essa música ela é um contraponto. Ou seja, pra cada sentença ou ideia apresentada é dado um argumento que é contrario.
Sempre o primeiro verso vai trazer uma ideia maior, de sair campo afora, pra conquistar, pra ser do mundo. Enquanto o segundo vai mostrar as coisas simples e belas da vida, do valor que se tem ao redor do rancho.
Este meu jeito de alçar a perna
De mirar ao longe o horizonte largo
É o contraponto de beber auroras
Quando cevo a alma pra sorver o amargo
Esse silêncio que me traz distância
Que me agranda o canto entre campo e céu
É o contraponto de acender o fogo
Meço um metro e pouco da espora ao chapéu
Esta coragem de pelear de adaga
De ser um gigante pela liberdade
É o contraponto de ajuntar terneiros
De acenar aos velhos e ter humildade
Essa audácia de buscar o novo
Sem pisar no rastro ou reacender as brasa
É o contraponto de ter prenda e filhos
E ficar tordilho ao redor das casa
Essa música representa esse paradoxo que todos trazemos conosco. Enquanto boa parte de nós quer buscar o novo outra parte quer ficar tordilho, ou seja, de cabelos brancos ao redor das casa, com a prenda e os filhos.
Contraponto é uma música atemporal e pode ser considerada um clássico do nosso nativismo. Não tem como não se emocionar ouvindo.