Dobrando os pelegos é um chamamé que tem os versos e melodia do Mauro Moraes, foi uma composição do Mauro para complementar o CD De Bota e Bombacha, lançado em 2001, onde todas as músicas são de sua autoria e cantadas pelo José Cláudio Machado e Luiz Marenco.

Nessa música, bem em como todo o disco, Os arranjos de violão são do Marcello Caminha, os de gaita do Edilberto Bergamo e o baixo é do Negrinho Martins.

Uma curiosidade a respeito dessa música é que ela foi composta pra ser como um jingle, uma apresentação do trabalho completo De Bota e Bombacha. Se tu reparar esse CD tem 19 músicas ao todo.

O próprio Mauro Moraes contou essa história em uma recente entrevista, inclusive disse que fez essa música em pouco tempo pois a letra veio toda na cabeça. Aí ele pegou o violão começou a melodia e logo se juntou o Marcello Caminha e o Edilberto Bérgamo e deram desenho final a música.

E como eles já estavam em estúdio pra gravar as demais faixas do CD, em seguida já gravaram essa música que se tornou a faixa 1 deste que é um dos melhores discos de música gauchesca.

Dobrando os pelegos fala sobre o gaúcho que tá indo embora pra um novo rincão e pelo visto tá bem faceiro com a novidade.

Me vou à cavalo de mala e cuia e se Deus quiser
Costeando a cerca com a alma presa num chamamé
Me vou a trote no serigote desse gateado
Que embora curto gruda o crinudo no meu costado

De mala e cuia é quando o vivente tá se mudando com todas as suas coisas, em definitivo. E vai pela estrada costeando a cerca.
Serigote pra quem não sabe é tipo de apero pra montaria. É meio parecido com o lombilho, só que tem algumas diferenças. O serigote ou sirigote, ele é mais curto e tem duas cabeças. E por curiosidade, o seu nome é uma adequação do termo alemão serr gutt, que significa: muito bom.

Saio garreado de peito inflado abrindo picada
Sujo de terra o mundo nas rédeas chapéu fincado
A volta vem e os calaveras se secam
Tendo por perto os pagos ajenos do outro lado

Sair garreado é sair meio surrado, sofrido, judiado de uma lida das braba. Mas mesmo assim, peito inflado e segue abrindo picada. Sujo de terra, chapeu fincado na cabeça pra aguentar o tempo e esse gaúcho não desiste de jeito nenhum.

Depois tem uma baita frase que é “A volta vem e os calaveras se secam!”
Que é pura filosofia de baralho. O Mauro contou que essa frase o seu avô dizia pra sua mulher quando ele perdia no jogo. O avô do Mauro Moraes era carpeiteiro, jogador profissional de baralho em Uruguaiana.

E essa frase tem o sentido de que vai sair o vencedor sempre quem tem o melhor jogo ou que sabe jogar melhor. Os calaveira, os trapaceiros, uma hora vão se secar porque não se tem vida longa se arriscando sempre.

Devagarzito se afirma o tranco
Boleando a perna, abrindo a goela num sapucay

E devagarzito se afirma o tranco, se ajeitam as coisas. Bolear a perna é apear, descer do cavalo… e quando ele faz isso, abre o peito num sapucay pra avisar a todos que chegou.

Baita marca essa Dobrando os pelegos, né! E tu sabia dessa curiosidade a respeito da composição? Uma marca que entrou meio sem querer no disco e se tornou uma das mais populares do compositor e também dos intérpretes.

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