Telmo de Lima Freitas é uma estampa eterna do Rio Grande. Procure qualquer foto dele na internet e não tem como não identificar ele como um gaúcho autêntico.
Ele nasceu em São Borja em 13 de fevereiro de 1933 e faleceu em Cachoeirinha em 18 de fevereiro de 2021. Foram 88 anos de muito telurismo. É sem sombra de dúvidas um dos maiores e mais importantes compositores regionais do Rio Grande e do resto do universo também.
Eu sou um fã incondicional do Telmo de Lima Freitas. A obra dele é um esteio de folclore, cultura, nativismo e tradição gaúcha. Suas letras retratam as coisas simples e autênticas da gente do povo gaúcho.
E a relação do Telmo com a arte e a música sempre foi próxima. Diz que começou a ter contato com o violão aos 8 anos. Tocava meio escondido por que o seu pai queria que primeiro aprendesse bem as coisas do colégio e só depois se dedicasse ao violão.
E assim foi, até que aos 14 anos participou do lendário grupo: o “Quarteto Gaúcho” com Jaime Fagundes ao violão, Glênio Fagundes na gaita de boca e Lulu no pandeiro e o Telmo na voz e violão.
Se apresentavam pilchaditos, mas o repertório incluia um pouco de tudo, principalmente o que tocava nas rádios polcas, guaranias, sertanejas, toadas e até umas do Pedro Raimundo. Faziam muitos bailes e festividades na fronteira oeste.
Depois na década de 50, foi radialista, tinha um programa numa Rádio de São Borja de nome Porongo de Pedra.
Seguiu estudando música e em 1957 venceu um concurso de gaita ponto no mais famoso e importante programa de rádio da época Grande Rodeio Coringa, da Radio Farroupilha.
Junto as lidas artísticas, o Telmo de Lima Freitas teve várias profissões Foi enfermeiro, peão de estância e trabalhou em lavouras de arroz e nos anos 60, passou no concurso para Policia Federal, atividade pela qual exerceu por muito tempo e se aposentou. Inclusive devido ao seu posto no trabalho, algumas músicas que ele fez ele assinava com um pseudônimo: Caraguatá.
Nos anos 60 também conheceu o Rillo, que escreveu uma peça de teatro de nome Domingo no Bolicho, onde o Telmo era ator, gaiteiro, violeiro e cantor!
Em 1969, participou do primeiro Festival da Musica Regionalista, da Rádio Gaúcha. Depois no início dos anos 70, com o início da Califórnia e da era dos Festivais o nome de Telmo de Lima Freitas ganha um novo patamar e a nossa cultura agradece.
Junto com seus amigos Edson Otto e José Antônio Hahn, criou um dos mais consagrados grupos de arte e cultura nativa que o nosso estado conheceu. “Os Cantores dos Sete Povos”. Por curiosidade, durante as 11 primeiras edições da California o Telmo teve músicas suas inscritas.
O Telmo lançou um disco no ano de 1973, de nome: O Canto de Telmo de Lima Freitas, onde todas as músicas tem seus versos e melodias. São 12 músicas, 6 de cada lado, a primeira música desse disco é Prenda Minha. Esse disco foi lançado pela gravadora Polygram e a produção foi Ayrton “Patiente” dos Anjos e Juarez Fonseca.
No ano de 1979 o Telmo conquista a sua primeira Calhandra de Ouro com Esquilador, na 9ª California. Clique aqui pra assistir o vídeo sobre Esquilador.
Em 1990, lançou Alma de Galpão, LP produzido de maneira independente, patrocinado pelo Grupo Ovelbra. Esse disco conta com a participação de amigos como: José Claúdio Machado, João de Almeida Neto, Edson Otto e Renato Borghetti.
Depois o Telmo lança mais 6 discos pela gravadora USA Discos: Tempos de Praça, em 1993. De Marcha Batida em 1994. Rastreador em 1996. A mesma Fuça em 2000, que recebeu o Premio Açorianos de Melhor Disco Regional e o Telmo de Melhor compositor. Poesias em 2001 e Carteiro da Vida em 2002.
E o Telmo lançou um eito de discos seguidos a partir de 1992 pois foi mais ou menos nessa nessa época que o homem se aposentou da Polícia Federal.
Depois em 2006, Telmo gravou em Porto Alegre um disco especial chamado Aparte. Onde toca com antigos parceiros, como Joãozinho Índio, Luiz Carlos Borges e Paulinho Pires.
Esse CD é uma produção independente dirigida por sua filha, Ana Elisa de Castro Freitas, com desenho de som de Cristiano Scherer, arranjos vocais da própria Ana Elisa e participação dos netos, João e Carolina.
Também tem a percussão assinada pelo filho, Kiko Freitas, que inclui tesouras de tosquia entre os objetos percussivos na clássica faixa Esquilador.
Depois em 2010, pela Mega Tche Discos é lançada aquela coletânea 35 Mega Sucessos.
Mas tem um documentário que saiu em 2008, de nome Milagre de Santa Luzia, que é sobre os gaiteiros brasileiros. Tem um episódio especial sobre o Telmo de Lima Freitas que é sensacional, mostra parte da essência do Telmo: Simples e rude como um galpão de estância, mas complexo e profundo como os sentimentos de uma poesia.
Um dia eu li que as nas músicas que o Telmo compôs havia chão e asas. Era a nobreza das coisas simples. E está certo! Telmo de Lima Freitas é uma entidade, um patrimônio do povo gaúcho! Todo o nosso carinho e respeito a sua pessoa e admiração a sua obra.
Mil gracias por tudo, tio Telmo. Essa é uma pequena homenagem do Linha Campeira pra esse grande gaúcho!