Me senti na obrigação com essa audiência mais campeira do universo a fazer um vídeo para fechar algumas lacunas da explicação da letra de Pêlos, do José Cláudio Machado.

Então ficaram 3 pontos em aberto: A contagem dos pêlos está correta? É Por ou Correr as varas da mangueira? Porque que só faltava o potro mouro? 

De vereda, eu quero agradecer a todos os parceiros que me mandaram as informações sobre essas questões. Muita gente buena e com referência me mandou relatos e até fotos. De antemão já deixo aqui o meu fraterno abraço e agradecimento.

E quanto a quantidade de pelos que ele encilhou, temos alguns poréns. De forma simplista, fechamos as 28 pelagens, mas muitas das pelagens citadas são apenas características da pelagem dos cavalos que aparecem em mais de um pelo, por temos pelagens simples, compostas, justapostas ou sobrepostas.

Por exemplo: ruano, cebruno, douradilho, melado, negro, vinagre, malacara, frente aberta, estrela. 

No site da ABCCC temos registradas como pelagens: Baia, Bragada, Colorada, Gateada, Lobuna, Moura, Oveira, Pangaré, Picaça, Preta, Rosilha, Tobiana, Tordilha, Tostada e Zaina. 

Eu tenho um cavalo que é um tostado, ruano, frente aberta e calçado nas pata. A pelagem dele é tostada, o demais são características.

Logo na contagem, a gente teria: 19 pelos diferentes e 9 variações de pelagem.

Ah… outra coisa, é citado um colorado cabano. Cabano é como são chamados os cavalos que tem um defeito na orelha, que seja torta, por exemplo.

O correto é Corro as varas da mangueira! Pra entender isso, temos que voltar a um tempo onde as mangueiras eram feitas de pedra ou de varejões. Na boca da porteira, se tinham os mestres, tronqueiras, os moirões que eram furados e por ali se cruzavam as varas, que eram corridas para abrir e fechar a mangueira.

Então o José Cláudio Machado, corria as varas da mangueira pra deixar a potrada entrar e sair. Teve um parceiro que mandou um áudio explicando que na estância de seu avô, tinha a porteira de varas.

E quando chegava um peão novo pra iniciar os trabalhos, logo se botava ele pra correr as varas e se o peão não corresse as varas até o final, deixando as pontas das varas expostas não servia pra serviço. Por que essas pontas poderiam machucar os animais na hora de entrar ou sair da mangueira.

E agora, tu sabe por que só faltava o potro mouro pra sentar os arreios? Diz a lenda que o José Cláudio Machado escreveu essa letra pra concorrer numa edição da Reculuta da Cançao Crioula, de Guaíba. E dentre os prêmios do festival, estava um potro mouro. Então a letra foi uma provocação aos jurados pra que ele levasse o potro pra casa.

Eu dei uma pesquisada e essa música foi inscrita na 2ª Edição da Reculuta e levou o 2º lugar. Parece que o José Cláudio Machado ficou sem o potro mouro pra sentar seus arreios, por que que ganhou foi Contrabando, de Angelo Alves, interpretado por Duo Manancial.

E pra finalizar o vídeo com chave de ouro, vou deixar aqui a versão gravada ao vivo de Pêlos gravada em 1984 na 2ª Reculuta da Canção Crioula de Guaíba!

Comentários
  1. Olha, o “potro mouro” pode até ter sido um trocadilho, uma provocação aos jurados, o que enriquece ainda mais a música. Eu sempre entendi que potro mouro, por ser preto significa a morte, então faltava o potro mouro – a morte – e só assim ele ia “sentar os arreios”, isto é, sossegar, se render.

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